terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cláudio Manuel da Costa e seus sonetos



Cláudio Manuel da Costa

Introdutor do Arcadismo no Brasil com Obras Poéticas (1768), Cláudio estudou em Coimbra, onde testemunhou a fundação da Arcádia Lusitana. Rico advogado, trabalhou na sua Mariana natal e estabeleceu-se em Vila Rica, onde reuniu em torno de si os intelectuais da região. Chegou a fundar, em 1768, uma Arcádia Ultramarina. Ainda muito preso às imagens, segundo ele mesmo, exageradas do Barroco, e sem conseguir se desligar das "pedras", do cenário inóspito de sua região natal, Cláudio foi um poeta de transição. Adota o pseudônimo de Glauceste Satúrnio e revela-se frustrado com sua própria obra: "vejo e aprovo o melhor, mas sigo contrário na execução". Foi, no entanto, fundamental para a propagação das idéias neoclássicas no Brasil. Foi preso em 1789, acusado de reunir os conjurados da Inconfidência Mineira. Após delatar sseus companheiros é encontrado morto em sua cela na Casa dos Contos, em Vila Rica. Seu suicídio é até hoje nebuloso. 


Ouro Preto-MG

Fonte: Clássicos da Poesia Brasileira, ed. Melhoramentos.
Contribuição de: Douglas Pereira


SONETOS 

SONETO 1: I Para cantar de amor tenros cuidados, Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;... 

SONETO 2: II Leia a posteridade, ó pátrio Rio, Em meus versos teu nome celebrado; ... 

SONETO 3: III Pastores, que levais ao monte o gado, Vêde lá como andais por essa serra; ... 

SONETO 4: IV Sou pastor; não te nego; os meus montados São esses, que aí vês; vivo conte... 

SONETO 5: V Se sou pobre pastor, se não governo Reinos, nações, províncias, mundo, e gen... 

SONETO 6: VI Brandas ribeiras, quanto estou contente De ver nos outra vez, se isto é ver... 

SONETO 7: VII Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? ... 

SONETO 8: VIII Este é o rio, a montanha é esta, Estes os troncos, estes os rochedos; ... 

SONETO 9: IX Pouco importa, formosa Daliana, Que fugindo de ouvir me, o fuso tomes; ... 

SONETO 10: X Eu ponho esta sanfona, tu, Palemo, Porás a ovelha branca, e o cajado; ... 

SONETO 11: XI Formosa é Daliana; o seu cabelo, A testa, a sobrancelha é peregrina; ... 

SONETO 12: XII Fatigado da calma se acolhia Junto o rebanho à sombra dos salgueiros; ... 

SONETO 13: XIII Nise ? Nise ? onde estás ? Aonde espera Achar te uma alma, que por ti sus... 

SONETO 14: XIV Quem deixa o trato pastoril amado Pela ingrata, civil correspondência, ... 

SONETO 15: XV Formoso, e manso gado, que pascendo A relva andais por entre o verde prado,... 

SONETO 16: XVI Toda a mortal fadiga adormecia No silêncio, que a noite convidava; N... 

SONETO 17: XVII Deixa, que por um pouco aquele monte Escute a glória, que a meu peito as... 

SONETO 18: XVIII Aquela cinta azul, que o céu estende A nossa mão esquerda, aquele grito,... 

SONETO 19: XIX Corino, vai buscar aquela ovelha, Que grita lá no campo, e dormiu fora; ... 

SONETO 20: XX Ai de mim! como estou tão descuidado! Como do meu rebanho assim me esqueço,... 

SONETO 21: XXI De um ramo desta faia pendurado Veja o instrumento estar do pastor Fido; ... 

SONETO 22: XXII Neste álamo sombrio, aonde a escura Noite produz a imagem do segredo;... 

SONETO 23: XXIII Tu sonora corrente, fonte pura, Testemunha fiel da minha pena, Sabe,... 

SONETO 24: XXIV Sonha em torrentes d'água, o que abrasado Na sede ardente está; sonha em ... 

SONETO 25: XXV Não de tigres as testas descarnadas, Não de hircanos leões a pele dura, ... 

SONETO 26: XXVI Não vês, Nise, este vento desabrido, Que arranca os duros troncos? Não vê... 

SONETO 27: XXVII Apressa se a tocar o caminhante O pouso, que lhe marca a luz do dia;... 

SONETO 28: XXVIII Faz a imaginação de um bem amado, Que nele se transforme o peito amante... 

SONETO 29: XXIX Ai Nise amada! se este meu tormento, Se estes meus sentidíssimos gemidos ... 

SONETO 30: XXX Não se passa, meu bem, na noite, e dia Uma hora só, que a mísera lembrança ... 

SONETO 31: XXXI Estes os olhos são da minha amada: Que belos, que gentis, e que formosos!... 

SONETO 32: XXXII Se os poucos dias, que vivi contente, Foram bastantes para o meu cuidado,... 

SONETO 33: XXXIII Aqui sobre esta pedra, áspera, e dura, Teu nome hei de estampar, ó Fran... 

SONETO 34: XXXIV Que feliz fora o mundo, se perdida A lembrança de amor, de amor a glória... 

SONETO 35: XXXV Aquele, que enfermou de desgraçado, Não espere encontrar ventura alguma: ... 

SONETO 36: XXXVI Estes braços, Amor, com quanta glória Foram trono feliz na formosura! ... 

SONETO 37: XXXVII Continuamente estou imaginando, Se esta vida, que logro, tão pesada, ... 

SONETO 38: XXXVIII Quando, formosa Nise, dividido De teus olhos estou nesta distancia,... 

SONETO 39: XXXIX Breves horas, Amor, há, que eu gozava A glória, que minha alma apetecia; ... 

SONETO 40: XL Quem chora ausente aquela formosura, Em que seu maior gosto deposita, ... 

SONETO 41: XLI Injusto Amor, se de teu jugo isento Eu vira respirar a liberdade, Se ... 

SONETO 42: XLII Morfeu doces cadeias estendia, Com que os cansados membros me enlaçava;... 

SONETO 43: XLIII Quem és tu? (ai de mim!) eu reclinado No seio de uma víbora! Ah tirana! ... 

SONETO 44: XLIV Há quem confie, Amor, na segurança De um falsíssimo bem, com que dourando... 

SONETO 45: XLV A cada instante, Amor, a cada instante No duvidoso mar de meu cuidado ... 

SONETO 46: XLVI Não vês, Lise, brincar esse menino Com aquela avezinha? Estende o braço;... 

SONETO 47: XLVII Que inflexível se mostra, que constante Se vê este penhasco! já ferido... 

SONETO 48: XLVIII Traidoras horas do enganoso gosto, Que nunca imaginei, que o possuía, ... 

SONETO 49: XLIX Os olhos tendo posto, e o pensamento No rumo, que demanda, mais distante;... 

SONETO 50: L Memórias do presente, e do passado Fazem guerra cruel dentro em meu peito; ... 

SONETO 51: LI Adeus, ídolo belo, adeus, querido, Ingrato bem; adeus: em paz te fica; ... 

SONETO 52: LII Que molesta lembrança, que cansada Fadiga é esta! vejo-me oprimido, ... 

SONETO 53: LIII Ou já sobre o cajado te reclines, Venturoso pastor, ou já tomando P... 

SONETO 54: LIV Ninfas gentis, eu sou, o que abrasado Nos incêndios de Amor, pude alguma h... 

SONETO 55: LV Em profundo silêncio já descansa Todo o mortal; e a minha triste idéia ... 

SONETO 56: LVI Tu, ninfa, quando eu menos penetrado Das violências de Amor vivia isento, ... 

SONETO 57: LVII Bela imagem, emprego idolatrado, Que sempre na memória repetido, E... 

SONETO 58: LVIII Altas serras, que ao Céu estais servindo De muralhas, que o tempo não pr... 

SONETO 59: LIX Lembrado estou, ó penhas, que algum dia, Na muda solidão deste arvoredo, ... 

SONETO 60: LX Valha-te Deus, cansada fantasia! Que mais queres de mim? que mais pretende... 

SONETO 61: LXI Deixemo-nos, Algano, de porfia; Que eu sei o que tu és, contra a verdade... 

SONETO 62: LXII Torno a ver-vos, ó montes; o destino Aqui me torna a pôr nestes oiteiros... 

SONETO 63: LXIII Já me enfado de ouvir este alarido, Com que se engana o mundo em seu cui... 

SONETO 64: LXIV Que tarde nasce o Sol, que vagaroso! Parece, que se cansa, de que a um tr... 

SONETO 65: LXV Ingrata foste, Elisa; eu te condeno A injusta sem-razão; foste tirana, ... 

SONETO 66: LXVI Não te assuste o prodígio: eu, caminhante, Sou uma voz, que nesta selva h... 

SONETO 67: LXVII Não te cases com Gil, bela serrana; Que é um vil, um infame, um desastra... 

SONETO 68: LXVIII Apenas rebentava no oriente A clara luz da aurora, quando Fido, O... 

SONETO 69: LXIX Se à memória trouxeres algum dia, Belíssima tirana, ídolo amado, Os... 

SONETO 70: LXX Breves horas, que em rápida porfia Ides seguindo infausto movimento, ... 

SONETO 71: LXXI Eu cantei, não o nego, eu algum dia Cantei do injusto amor o vencimento;... 

SONETO 72: LXXII Já rompe, Nise, a matutina aurora O negro manto, com que a noite escura,... 

SONETO 73: LXXIII Quem se fia de Amor, quem se assegura Na fantástica fé de uma beleza, ... 

SONETO 74: LXXIV Sombrio bosque, sítio destinado À habitação de um infeliz amante, ... 

SONETO 75: LXXV Clara fonte, teu passo lisonjeiro Pára, e ouve-me agora um breve instante... 

SONETO 76: LXXVI Enfim te hei de deixar, doce corrente Do claro, do suavíssimo Mondego; ... 

SONETO 77: LXXVII Não há no mundo fé, não há lealdade; Tudo é, ó Fábio, torpe hipocrisia... 

SONETO 78: LXXVIII Campos, que ao respirar meu triste peito Murcha, e seca tornais vossa... 

SONETO 79: LXXIX Entre este álamo, o Lise, e essa corrente, Que agora estão meus olhos c... 

SONETO 80: LXXX Quando cheios de gosto, e de alegria Estes campos diviso florescentes, ... 

SONETO 81: LXXXI Junto desta corrente contemplando Na triste falta estou de um bem que ad... 

SONETO 82: LXXXII Piedosos troncos, que a meu terno pranto Comovidos estais, uma inimiga... 

SONETO 83: LXXXIII Polir na guerra o bárbaro gentio, Que as leis quase ignorou da nature... 

SONETO 84: XCVIII Destes penhascos fez a natureza O berço, em que nasci! oh quem cuidara... 

SONETO 85: XCIX Parece, ou eu me engano, que esta fonte De repente o licor deixou turvado... 

SONETO 86: C Musas, canoras musas, este canto Vós me inspirastes, vós meu tenro alento...

Um comentário:

  1. são soneto muitos bonitos e o soneto de Cláudio Manuel da Costa um do mais importante representantes do arcadismo

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